Mounjaro: o novo queridinho do emagrecimento exige cautela e equilíbrio emocional, afirma o médico Iago Fernandes

Medicamento criado para o controle do diabetes tipo 2, o Mounjaro (tirzepatida) tem chamado a atenção por seus resultados expressivos na perda de peso. O fármaco atua em dois receptores hormonais, GLP-1 e GIP, responsáveis por regular a saciedade e o metabolismo da glicose. Na prática, o paciente sente menos fome, consome menos calorias e experimenta uma melhora no controle glicêmico.

Embora pareça uma solução promissora, o médico Iago Fernandes, especialista em saúde mental, alerta que o Mounjaro não deve ser visto como um passe de mágica. Segundo ele, há uma tendência perigosa de transformar o medicamento em símbolo de transformação rápida, o que pode gerar frustrações e desequilíbrios emocionais.

“O Mounjaro pode ajudar, mas não faz o trabalho sozinho. Muitos pacientes o utilizam movidos por insatisfação com o corpo ou por pressa em atingir um padrão estético. Quando o foco é apenas a aparência, o risco de recaída e sofrimento psicológico é grande”, afirma o médico.

O uso sem acompanhamento adequado pode trazer consequências físicas e emocionais, como ansiedade, compulsão alimentar e distorção da imagem corporal. Fernandes explica que há pessoas que, mesmo após emagrecerem, continuam se enxergando acima do peso e seguem usando o medicamento de forma descontrolada. “Esse comportamento revela uma questão emocional que precisa ser tratada, e não mascarada por um remédio”, diz.

A popularização dos medicamentos injetáveis para emagrecer também levanta preocupações na comunidade médica. Embora os resultados sejam positivos em diversos estudos, há riscos que precisam ser monitorados, como náuseas, constipação e perda de massa magra.

Para o médico, o segredo está na combinação de fatores. “Não existe solução isolada. O Mounjaro é uma ferramenta útil quando faz parte de um tratamento completo, que inclui acompanhamento médico, reeducação alimentar, atividade física e apoio psicológico. Fora desse contexto, o efeito costuma ser passageiro.”

Fernandes destaca ainda que o emagrecimento duradouro depende do equilíbrio entre corpo e mente. “A verdadeira mudança começa quando o paciente entende seus gatilhos emocionais e aprende a lidar com eles. O remédio pode impulsionar o processo, mas quem sustenta o resultado é a mente fortalecida e a determinação de mudar.”

Fontes: New England Journal of Medicine e Food and Drug Administration (FDA).

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